Input: o que é e como funciona?
Antes que você comece a leitura desta parte do nosso guia, eu gostaria de dizer que entender o que é e como funciona o input na aprendizagem de idiomas é extremamente importante, possivelmente é o aspecto mais importante a ser entendido e aplicado para que você tenha resultados em seus estudos. Leia e releia esta seção quantas vezes forem necessárias, pois se você não entender a função essencial do input na aprendizagem de idiomas, simplesmente não conseguirá colocar em prática da forma correta as técnicas e métodos ensinados aqui no guia.
Na aprendizagem de idiomas, input é tudo aquilo que você recebe: palavras, frases, diálogos, etc., tanto na forma escrita quanto oral. O contrário do input é o output, que é tudo aquilo que você produz (palavras, frases, diálogos, etc.) na forma oral ou escrita. Assim, se considerarmos as quatro habilidades envolvidas na aprendizagem de idiomas (fala, compreensão oral, escrita e leitura), veremos que a compreensão oral e a leitura são atividades de input, enquanto que a escrita e a fala são atividades de output.
Como funciona o input para aprender inglês?
É muito importante entender a relação existente entre input e output, pois é por meio dessa relação que falamos a nossa língua nativa e é por meio dela que aprendemos outras línguas, como o inglês. Conforme você recebe input, ou seja, conforme você lê, compreende e absorve palavras, frases e diálogos, essas informações vão aos poucos sendo armazenadas no seu cérebro, como se ele fosse uma enorme biblioteca. Quando você produz (fala ou escreve) uma palavra, frase ou estrutura, seu cérebro vasculha as informações armazenadas na sua “enorme biblioteca” em busca das palavras, frases e estruturas necessárias. Veja que você jamais conseguirá produzir uma palavra que nunca ouviu. Se você nunca ouviu ou leu a palavra “elefante”, por exemplo, jamais será capaz de falar ou escrever a palavra “elefante”, pois seu cérebro simplesmente não conhece a palavra, essa informação não está armazenada na sua “biblioteca”. Isso acontece tanto no português, que é a sua língua nativa, quanto no inglês, que é o idioma que você está aprendendo. Antes de produzir qualquer palavra ou estrutura gramatical em inglês, você precisa primeiro absorver essa palavra ou estrutura através da leitura ou da escuta, ou seja, através do input.
Se você parar e pensar um pouco, verá que a grande maioria dos métodos tradicionais, principalmente os métodos usados em salas de aula, usa o caminho contrário, forçando os alunos a falar a escrever (atividades de output) muito mais do que ler e ouvir (atividades de input). Os professores normalmente são forçados a falar o mínimo possível, enquanto que os alunos são encorajados a falar e escrever o máximo possível. O resultado é que por ainda não terem recebido uma quantidade necessária de input, ou seja, por não terem armazenado palavras, frases e estruturas suficientes, os alunos têm um “repertório” muito pequeno à sua disposição e acabam falando e escrevendo pouco e de forma errada, o que prejudica tanto os próprios alunos quanto seus colegas, que acabam sendo expostos a um input de baixa qualidade e também em pouca quantidade (quando um aluno tem que ficar escutando outro aluno falar inglês de forma errada, ele acaba prejudicando seu aprendizado).
Colocando de forma mais prática, o processo de aprendizado de idiomas que ocorre em nosso cérebro é o seguinte: nós absorvemos palavras, frases e estruturas lendo e ouvindo (ou seja, através do input), e reproduzimos/imitamos (o que chamamos de output) essas palavras, frases e estruturas na hora de falar e escrever. É exatamente dessa maneira que aprendemos tanto a nossa língua nativa, quanto outros idiomas estrangeiros, como o inglês. Claro que, embora a ideia de absorver e reproduzir/imitar palavras, frases e estruturas seja simples, o que ocorre no cérebro é na realidade um pouco mais complexo. O cérebro não se limita a simplesmente imitar palavras, frases e estruturas exatamente de maneira como elas foram absorvidas, mas sim é capaz de fazer alterações e associações entre essas frases, bem como juntar diversas frases e palavras para formar “novas” frases.
Por exemplo, se você conhece a frase The book is on the table (O livro está em cima da mesa) e as palavras computer (computador) e radio (rádio), seu cérebro naturalmente será capaz de produzir as frases The computer is on the table (O computador está em cima da mesa) e The radio is on the table (O rádio está em cima da mesa), mesmo que você jamais tenha ouvido ou lido essas frases. Se você conhecer as frases I like playing soccer (Eu gosto de jogar futebol), My dog is cool (Meu cachorro é legal) e I live with my brother (Eu moro com meu irmão), seu cérebro será capaz de formar uma frase como Playing soccer with my brother is cool (Jogar futebol com meu irmão é legal). Veja que o cérebro é capaz de formar frases “novas”, mesmo sem jamais ter visto frases exatamente iguais a essas antes. A grande “sacada” é que essas frases não serão consideradas novas se levarmos em conta que elas são apenas derivações e combinações de frases e palavras já armazenadas na nossa “biblioteca cerebral”.
Os casos acima são apenas alguns simples exemplos de o que o cérebro é capaz de fazer com as informações absorvidas. O mais importante é você entender que o seu cérebro precisa de grandes quantidades de input para poder começar a reproduzir/imitar palavras, frases e estruturas. Quanto mais palavras, frases e estruturas você ler e ouvir, quanto mais informação absorver, maior será a capacidade do seu cérebro de imitar e reproduzir novas palavras, frases e estruturas. De fato, um dos grandes responsáveis pelos alunos dos cursos tradicionais de inglês não aprenderem inglês é justamente a falta de input, pois os cursos simplesmente não expõem os alunos a quantidades suficientes de inglês falado e escrito.
Input antes de output
Como você acabou de aprender, quanto mais input você receber, maior será a sua capacidade de imitar e produzir novas palavras, frases e estruturas. Assim, o “segredo” para aprender inglês (e de fato qualquer outro idioma estrangeiro) é absorver a maior quantidade possível de input, ou seja, palavras, frases e estruturas em inglês corretas e que você consegue entender, tanto na forma escrita quanto oral. Você precisa “alimentar” o seu cérebro com milhares de frases e estruturas gramaticalmente corretas em inglês para que ele comece naturalmente a imitar e reproduzir essas palavras e frases. Veja que não é necessário se preocupar com o output (falar e escrever), pois além do output não ser uma forma efetiva de aprimorar seu inglês, o falar e o escrever virão naturalmente depois que você tiver recebido quantidades suficientes de input. De fato, se você tentar falar e escrever antes de receber altas quantidades de input, você acabará falando e escrevendo coisas erradas, e isso prejudicará o seu inglês e o seu aprendizado como um todo! Assim, foque primeiramente em aprender a compreender o inglês escrito e falado, para somente depois dar atenção à fala e escrita.
Nota: não estou dizendo que falar e escrever não sejam habilidades importantes ou que você magicamente aprenderá a falar e escrever, mas sim que essas habilidades devem ser estudadas ou aprimoradas somente em estágios mais avançados. Nosso guia trata primeiramente de atividades de input, ensinando o aluno a entender e ler em inglês nos primeiros capítulos e deixando a parte da fala e escrita para os capítulos finais.